Olímpico, 24 de julho de 1985


A surpreendente semifinal do Campeonato Brasileiro de 1985 reuniu Bangu (que eliminara Vasco, Internacional e Mixto) e Brasil de Pelotas (que sobrevivera num grupo com Flamengo, Bahia e Ceará).
Mas antes mesmo do duelo entre as duas “zebras”, o dirigente Castor de Andrade já travava outra batalha: tirar o jogo do estádio Bento de Freitas, em Pelotas, com capacidade para apenas 20 mil pessoas e colocá-lo no estádio Olímpico, em Porto Alegre, a 255 quilômetros de distância.
Nessa luta pelos bastidores da CBF, o Bangu venceu. Iria jogar num estádio maior, sem que a pressão da torcida “xavante” atrapalhasse o rendimento do time.
Naquela noite de quarta-feira, 37 mil gaúchos compareceram ao Olímpico – boa parte deles torcedores do Grêmio e do Internacional que se uniram aos entusiastas de Pelotas na tentativa de ver um clube do estado na final do Brasileirão.
O Bangu tinha fé que conseguiria um grande resultado no Sul, para decidir com tranquilidade no segundo jogo, no Maracanã.
Mesmo dominado na maior parte, o Bangu fez uma partida consciente e conseguiu um excelente resultado.
Não foi um jogo bem disputado tecnicamente, mas teve alguns lances de emoção, a maioria deles na área do Bangu, onde o goleiro Gilmar apareceu com defesas sensacionais.
Dada a saída, logo surgiu uma oportunidade de gol para o Brasil. Depois de uma jogada de Canhotinho pela esquerda, a bola sobrou para Lívio, que chutou à queima-roupa, mas o goleiro Gilmar salvou para córner. O Bangu só respondeu aos 14 minutos, quando Mário perdeu a segunda oportunidade do jogo, chutando para fora, dentro da área.
O 1º tempo foi assim: o Brasil tinha mais volume nas ações, mas em termos de lance de gol, os dois times criaram dois cada um, e o segundo do Brasil foi aos 40 minutos, quando Gilmar fez outra grande defesa, desta vez num chute de Bira, também de perto. O ponta-direita Marinho estava muito bem marcado por dois adversários e só teve uma chance, numa falta de longe; mesmo assim, com um chute forte, obrigou o goleiro João Luís a fazer grande defesa a córner.
No 2º tempo, sempre marcando muito bem, o Brasil aumentou a pressão, e aos 12 minutos, Canhotinho perdeu um gol chutando por cima. A partir dos 25 minutos, o Bangu equilibrou um pouco mais as ações. Foi a vez de João Cláudio perder o gol, chutando também por cima. Um minuto depois, no único erro de Gilmar em todo o jogo, ao sair do gol, o zagueiro Jair salvou em cima da linha.
Foi no contra-ataque do Bangu que saiu o gol. João Luís defendeu a córner, Mário cobrou e Ado cabeceou no primeiro pau. A bola ainda bateu no lateral Jorge Batata e entrou sem que João Luís pudesse defender. O Brasil partiu pra frente, mas o goleiro Gilmar, com grande atuação, salvou duas vezes, aos 35 nos pés de Bira e aos 41 com uma defesa sensacional, no ângulo, em cabeçada de Silva.
A exigente revista Placar deu nota 10 ao goleiro Gilmar, reconhecendo que ele foi o melhor em campo naquela noite. Jair, Oliveira, Baby, Israel, Mário e Lulinha ganharam nota 7. Márcio Nunes, Marinho e Ado ficaram com a nota 6. Enquanto João Cláudio e Gilson Gênio tiraram nota 5.
Ainda faltava a partida de volta, no Maracanã, onde o Bangu poderia até perder por um gol de diferença, mas Castor de Andrade entrou no vestiário do Olímpico eufórico: “Estamos na Libertadores, porra!”. Em seguida, baixou a voz e a sós com o elenco, entoou a prece diante da imagem de Nossa Senhora, que acompanha o clube em todos os jogos desde 1967.
goleiro do Bangu

