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0 | x | 0 | ![]() |
BANGU | Vasco da Gama |
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Campeonato Carioca (Turno - 8ª Rodada) |
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Estádio Mário Filho (Maracanã) |
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16/10/1966 |
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Cr$ 33.301.030 |
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33.892 pagantes |
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Eunápio de Queirós |
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José Mário Vinhas e José Aldo Pereira |
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Ubirajara, Fidélis, Mário Tito, Luís Alberto e Ari Clemente; Jaime e Jair; Paulo Borges, Norberto, Cabralzinho e Aladim. Técnico: Alfredo González. |
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Édson, Orlando, Brito, Fontana e Mendez; Maranhão e Salomão; Nado, Célio, Madureira e Danilo Menezes. Técnico: Zezé Moreira. |
O Bangu conservou a liderança invicta e absoluta do Campeonato Carioca ao empatar com o Vasco por 0 x 0, ontem, no Maracanã, numa partida muito corrida e disputada, que terminou logo após um lance em que Nado chutou às redes, mas o juiz Eunápio de Queirós apitou a falta de Madureira em Ari Clemente, sob os protestos dos jogadores e da torcida do Vasco, que queriam a validação do gol.
O Vasco esteve melhor nos primeiros dez minutos, mas o Bangu foi aos poucos tomando as rédeas da partida e andou muito perto da vitória nos 30 minutos finais do primeiro tempo, quando exibiu um futebol de primeiríssima qualidade. No segundo tempo, o Vasco veio com outra disposição e conseguiu equilibrar o jogo, chegando a dominar o adversário em algumas fases.
Volúpia do Vasco
A partida foi iniciada sob um ritmo de impressionante velocidade, com vantagem para o Vasco, que começou com volúpia, perdeu logo duas oportunidades, numa cabeçada de Célio e numa falha de Nado ao tentar concluir passe de Madureira da direita.
Aos 7 minutos, Nado fez a sua melhor jogada da partida ao passar muito bem por Ari Clemente e Luís Alberto para centrar da linha de fundo. Mário Tito, com grande esforço, conseguiu salvar a córner, antes de Madureira marcar.
Por volta dos 15 minutos, Mendez e Fontana haviam sofrido duas faltas violentas e a torcida do Vasco começou a gritar em coro: “Baixa o pau”, passando a marcar Jaime com o tradicional “é esse”, toda vez que ele pegava na bola.
O Bangu passou a dominar o meio-campo aproveitando a falta de entendimento entre Maranhão e Salomão, e pressionou seriamente, com jogadas rápidas, sempre de primeira, à base de supervelocidade, principalmente entre Cabralzinho, Paulo Borges e Jaime.
Aos 39 minutos, Aladim recebeu na intermediária do Vasco pela esquerda, adiantou um pouco a bola e chutou violentamente, chocando-se a bola com o ângulo esquerdo de Édson, que não acreditou no arremesso e quase foi surpreendido.
O lance mais bonito da partida ocorreu aos 41 minutos, quando Cabralzinho dominou pela meia-esquerda e lançou pelo alto na medida para Paulo Borges. O ponta-direita, de costas para a meta, cabeceou para trás, nos pés de Cabralzinho, que entrou como um foguete e fulminou para o gol de primeira. Édson ainda tocou com a mão na bola, que chocou-se com o travessão.
Equilíbrio no final
No segundo tempo, a defesa do Vasco resolveu atender integralmente o pedido de sua torcida, formulado aos 15 minutos e intimidou completamente o ataque do Bangu, que, nos primeiros 15 minutos, só chutou bolas de fora da área, duas de Jair e uma de Norberto.
Salomão fez um ótimo lançamento para Madureira, aos 16 minutos, mas o atacante chutou fraco da marca do pênalti para as mãos de Ubirajara. O Vasco pressionou no ataque durante uns 10 minutos seguidos, mas sem muita objetividade, porque Nado caía para o meio embolando o jogo no miolo e os armadores custavam a soltar a bola.
Contudo, os contra-ataques do Bangu continuavam perigosos e Norberto perdeu ótima chance aos 30 minutos, chutando à direita de Édson, depois do cruzamento perfeito de Aladim, da esquerda.
O Vasco voltou a pressionar nos últimos 10 minutos, tendo Célio furado espetacularmente dentro da pequena área aos 38 minutos, numa ótima chance para marcar, após um passe na medida de Danilo pela ponta-esquerda.
Finalmente, quando o jogo atingia o 44º minuto, Célio penetrou perigosamente pela esquerda e centrou para a entrada da pequena área. Ubirajara saiu e defendeu, mas largou a bola para a marca do pênalti, pois chocou o rosto com a cabeça de Ari Clemente, que estava à sua frente. O juiz Eunápio de Queirós, bem colocado no lance, acusou empurrão de Madureira em Ari Clemente, apitando em cima, mas Nado concluiu para as redes. A torcida do Vasco comemorou o gol e passou a chamar o juiz de “ladrão”, quando verificou que a jogada não tinha sido válida, observando-se também violentas discussões entre os jogadores em campo.
Ari: houve o empurrão
O empate contra o Vasco foi recebido com tranqüilidade pelos banguenses, que nem mesmo admitiam discutir a validade do gol de Nado no último minuto, pois alegavam que a partida já estava paralisada com o apito do juiz que marcou “o empurrão escandaloso de Madureira, jogando Ari Clemente contra Ubirajara”, mas reclamavam da violência dos vascaínos, principalmente o técnico González.
“O Vasco abusou da pancada” – disse o treinador, “e desse jeito fica muito difícil ganhar. Acho que o jogo tem de ser duro, principalmente por parte dos jogadores da defesa, mas não concordo com a deslealdade. O Vasco entrou para empatar o jogo de hoje e conseguiu o seu objetivo, mas teve de apelar para a violência, principalmente no segundo tempo”.
Euzébio tranqüilo
O presidente Euzébio de Andrade estava satisfeito com o resultado e elogiou a atuação do Vasco, que reagiu no segundo tempo e esteve à pique de ganhar o jogo, principalmente pela disposição de luta dos seus jogadores.
“Mas acho que o empate foi um prêmio justo para as duas equipes” – afirmou.
O vice-presidente Castor de Andrade confessava não ter visto o lance que provocou tantas discussões, no fim do jogo, mas, depois de conversar com Ari Clemente e Ubirajara, ficou convencido de que o juiz não podia mesmo dar um gol conquistado naquelas condições.
Bira explica
O goleiro Ubirajara explicava que ficou completamente tonto no lance do fim do jogo, perdendo inteiramente a noção das coisas. No entanto, antes de receber a pancada, viu bem Ari Clemente ser empurrado por Madureira para cima dele.
“O lançamento veio da esquerda e eu saí do gol com Ari me protegendo, de costas para mim. Madureira vinha na corrida e empurrou violentamente o Ari para trás, quando eu já tinha a bola nas mãos. Choquei a parte lateral do rosto contra a cabeça do Ari e daí em diante não vi mais nada, pois fiquei tonto com a pancada”.
Ari confirma
Ari Clemente dava a mesma versão de Ubirajara para o lance. Disse que estava à frente de Ubirajara quando recebeu o empurrão de Madureira que o fez chocar-se com Ubirajara.
“Estão falando em gol anulado” – afirmou, “mas não houve gol, pois o juiz estava em cima e apitou na hora da falta do Madureira. O pior é que quase perdi a cabeça quando vi o Madureira gritando, comemorando a vitória. Fiquei revoltado com a sua atitude, pois qualquer um, menos ele, poderia ficar satisfeito com a bola nas redes”.
Três machucados
Além de Ubirajara, que sofreu uma pancada no rosto, Paulo Borges também saiu mancando e se queixava no vestiário, dizendo que “acho que desta vez me apanharam por um mês”.
“Eu já estava machucado” – disse o ponta-direita, “mas agora me deram uma pregada segura”.
Ari Clemente, que também sofreu uma entrada violenta, apresentava escoriações na canela, porém acreditava que vai dar para jogar a próxima partida. O médico Arnaldo Santiago disse que, em princípio, o problema mais grave parecia ser a contusão de Paulo Borges.
“Contudo” – explicou, “só depois da revisão médica de amanhã é que poderei dizer alguma coisa a respeito de sua presença contra o Botafogo”.