Autor de gol contra Fla é cria da Taça das Favelas e se inspira em pai cego
26/01/2023 - 11h36
Fonte: UOL (Alexandre Araújo)

"Quando ouviu o nome e a narração do gol, foi uma choradeira". Ao abrir o placar para o Bangu no duelo com o Flamengo, pelo Carioca, o volante Renatinho concretizou um sonho familiar. Além do nome, herdou do pai também o amor pelo futebol, mas um obstáculo interrompeu a caminhada do patriarca dentro das quatro linhas.
Renato Rosa, pai do jogador do Alvirrubro, comanda um projeto social em Arará, Benfica, zona norte do Rio, e é técnico da comunidade na Taça das Favelas. Com disciplina e ideias modernas, o treinador, cego desde os 22 anos, comanda o time masculino e feminino.
Idealizador do "Visão para o futuro", Renato foi acometido por um glaucoma. Antes disso, almejava ser jogador e chegou a passar pela base de clubes como Bonsucesso e Botafogo.
"Quando meu filho nasceu, eu tinha 32 anos. Eu o levava até um campinho aqui perto, que ficava vazio, para jogarmos bola e começou a juntar criança. Então, eu e minha esposa tivemos a ideia de criar o projeto. Como eu gostava muito do esporte, do futebol, procurei ir para esse lado de ajudar algumas crianças, e hoje temos esses times", Renato Rosa.
Confira o gol do Cria do Proletário, Renatinho, no empate diante do Flamengo.
— Bangu Atlético Clube (@Banguoficial) January 25, 2023
Próximo desafio será contra o Nova Iguaçu, sábado, fora de casa.
BORAAAAAAA!!
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A relação entre pai e filho também chegou a ser de atleta e treinador. Renatinho atuou na Taça das Favelas sob o comando de Renato, e rodou alguns clubes antes de desembarcar no sub-17 do Bangu, em 2019.
"Tudo começou no projeto do meu pai, que ele mantém mesmo com as dificuldades que teve. Sempre treinei com ele, tudo começou lá. Joguei a Taça das Favelas. Fiquei feliz pelo meu primeiro gol no profissional, estava batalhando por isso", Renatinho.
O camisa 5 não esconde que tem um grande estímulo dentro de casa.
"Ele é o pilar, me inspira bastante. Ele jogava quando perdeu a visão. Sempre disse que corro por ele e minha mãe, mas especialmente pelo que ele não pôde viver", afirma o volante.

Atualmente, quando tem um espaço na agenda, Renatinho ajuda nos treinos e jogos do Arará.
"Ele está sempre conosco. Quando está de folga ou férias, vem ajudar nas atividades. Na Taça das Favelas, estava na arquibancada e me passava o que estava achando do time", lembra Renato.
"Quando posso, vou aos treinos, ajudo com os moleques. Na Taça das Favelas eu fui lá. E aí, a gente troca e eu dou umas cornetadas", brinca Renatinho.